Custo de produção cada vez maior, insumos caros, aliados a preços baixos pagos pelo litro do leite. Esse é o cenário apresentado por produtores de Alegrete numa entrevista ao PAT. De forma geral a reclamação é principalmente porque neste período há necessidade de fazer pastagem e silagem para a entrada do inverno. “Qualquer investimento não custa menos que 3 mil reais, com o preço atual que estamos recebendo pelo leite, está muito difícil de continuar” – citaram.
O produtor rural Paulo Caurio trabalha com pecuária leiteira há mais de 5 anos. Na propriedade, que fica no Corredor dos Papagaios, interior de Alegrete, são e torno de 45 vacas em lactação, mas ele anda muito preocupado com o rumo que o mercado vem tomando.
O preço pago pelo litro está baixo, o que dificulta o trabalho. Pela produção de março, paga em abril, o valor foi de R$ 1,02 por litro, também tem um acréscimo de 0,02 centavos a cada 2 mil litros a mais. O que fica em torno de R$ 1,05. “O custo para manutenção é alto e com esse valor que estamos recebendo, trabalhamos no vermelho.- afirmou.
A produção diária na propriedade de Paulo é de 600 a 700 litros por dia, neste período. O produtor salienta que a empresa que está realizando a coleta, também, teria prometido um posto e, atualmente repassou que para isso teria que realizar no mínimo a coleta de 35 mil litros de leite por dia, entre todos os locais que os caminhões passam aqui em Alegrete.

Outro produtor da localidade da Encruzilhada, cerca 8Km da cidade, disse que há 11 anos tem leiteria. Mas este, tem sido o período mais crítico. João Bordinhão acrescentou que o preço pago pela empresa que está realizando a coleta, eles não têm como não ficar no vermelho. “Recebemos uma média de R$ 1,03 dependendo do preço da Conseleite, mas eu pago R$ 1,15 pela ração, um exemplo. Deste jeito fica até complicado investir nas pastagens. Eles pagam o mínimo”.- explicou.

Já Anderson Ramos Alves, que trabalha há 1 ano e meio na área de lacticínios produz uma média de 200 litros por dia. A leiteria fica no interior, localidade dos Pinheiros.

O produtor ressaltou que não tem como fazer mágica. “Um mês se paga uma conta, no seguinte outra e assim vamos levando. Está difícil, precisamos que nosso produto seja mais valorizado. Nesta época passamos por um divisor de águas devido a entrada do inverno. Tem que fazer pastagens e silagens – a vontade, às vezes, é sentar e chorar, porque há um receio enorme de fazer compromissos. Tudo isso em razão do valor pago pelo litro do leite atualmente- descreveu.
Outro produtor, do Assentamento Unidos pela Terra, falou que há 10 anos trabalha com a produção de leite, entretanto o preço pago atualmente está deixando todos muito desmotivados.

Em contato com o representante no município, da empresa Mandaká, Dulcinei Rostirolla, ele explicou que compreende que os produtores reivindiquem valores mais altos, porém, a logística, frete e o volume que é arrecadado não deixa uma margem maior. Dulcinei disse que por não ter um posto de refrigeração no município o leite tem que ser levado a Santana do Livramento. ” Seria importante que pudéssemos ter mais produção e dessa forma viabilizar o posto. Não posso prometer algo que não vou cumprir, mesmo assim a empresa está pagando o mínimo da Conseleite. Também tem um fator importante, realizamos uma quilometragem bem maior para conseguir um volume considerável porque atendemos os pequenos e médios produtores. Mas a partir do próximo mês terá mais um incentivo que será pela qualidade do produto.” – comentou.