O mito de que mais tecnologia reduz o lucro, além de falso, contribui para o cenário de baixa produtividade e baixo retorno econômico

 

A adoção de tecnologia na pecuária leiteira sempre deve ter como objetivo final o aumento da produtividade. Ou seja, cada implementação tecnológica, que abrange desde estratégias de manejo de pastagem até softwares de gestão, deve ter como resultado o aumento da produção de leite utilizando os mesmos recursos ou até mesmo de manutenção no volume com menos recursos. Assim, as margens são maiores.

Sempre que o produtor avalia a adoção de uma nova tecnologia, ele deve levar em conta, na tomada de decisão, o impacto que a inovação trará nas margens e não puramente nos custos. Espera-se que a implantação da tecnologia eleve os custos; entretanto, o objetivo é que o aumento da receita seja superior, ampliando as margens da atividade.

No banco de dados do projeto Campo Futuro, feito pelo Cepea em parceria com a CNA, a propriedade típica com maior nível de adoção de tecnologia é Castro (PR). Lá o rebanho é especializado na produção de leite: as vacas em lactação são confinadas no sistema free-stall e realiza-se inseminação artificial em tempo fixo.

Quanto à alimentação do rebanho, há produção, na mesma área, de silagem de milho no verão, com alta produtividade, e cultivo de aveia no inverno; a pastagem de Tifton recebe os manejos de correção do solo, adubação e controle de daninhas tanto na formação quanto nas manutenções anuais.

Além da alimentação volumosa, os animais recebem suplementação mineral e concentrada (14 kg/dia de concentrado por vaca em lactação). A produção média diária por vaca é de 30 litros, totalizando mais de 5.000 litros diários na propriedade, e a produtividade atinge 22.060 l/ha/ano.

O alto grau de tecnologia adotado pela propriedade modal de Castro não implica redução do custo de produção do leite. Na verdade, quando comparado ao valor observado em outras regiões, o custo de produção do leite é até elevado. O Custo Operacional Efetivo (COE) por litro produzido é de R$ 1,03 e o Custo Operacional Total por litro (COT) é de R$ 1,11. Como o produtor recebeu R$ 1,30 pelo litro de leite, as margens da atividade foram positivas: a margem bruta³ por litro foi de R$ 0,27 e a margem líquida , de R$ 0,19/l.

Apesar das margens apertadas, o alto grau de adoção de tecnologia gerou grande produtividade, ou seja, escala de produção, beneficiando a atividade como um todo, cujo resultado é refletido nas margens bruta e líquida de, respectivamente, R$ 6.339,79/hectare e R$ 4.501,61/hectare. Desde que bem planejada tecnicamente e tendo como objetivo o aumento de produtividade por área, a adoção de tecnologia traz benefícios ao produtor e para o setor como um todo.

O mito de que mais tecnologia reduz o lucro do produtor, além de falso, contribui para a manutenção do cenário de baixa produtividade e baixo retorno econômico. A pecuária leiteira, quando executada de forma eficiente, torna-se extremamente competitiva economicamente em relação a outras atividades agrícolas e pecuárias.

As atividades iniciaram em 2016 com 60 vacas prenhas. Ao longo dos anos, o rebanho da Bacelar Agroleite aumentou e em 2023 alcançou aproximadamente 900 animais, sendo 420 em lactação, e uma produção diária média de 16 mil litros de leite.

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