Apesar das expectativas positivas em relação ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), existe o receio em relação aos impactos que a importação de produtos europeus pode causar no setor agropecuário, principalmente na cadeia produtiva do leite.

De acordo com a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, a produção de leite em alguns países europeus é subsidiada, o que torna o produto mais competitivo e pode prejudicar a produção nacional.

“Existe um receio na cadeia do leite justamente porque já se sabe que existem subsídios para a cadeia de lácteos na UE, e o acordo pode prejudicar nosso mercado interno e, obviamente, a nossa produção. Mas isso vai precisar ser trabalhado”, analisou.

Segundo a médica veterinária e diretora do Ideagri (empresa desenvolvedora de software do grupo Rehagro), Heloise Duarte, para enfrentar a possível concorrência será preciso avançar em logística, políticas públicas, produtividade e qualidade do leite.

“Temos muito dever de casa para fazer, seja para exportar ou para a cadeia se proteger dos produtos lácteos importados. Serão necessárias a implantação de políticas públicas que beneficiem o setor. Hoje, não temos uma infraestrutura adequada, enfrentamos sérios problemas de logística e a qualidade do leite – que precisa estar resfriado – acaba sendo comprometida”, explicou.

Instruções normativas – Ainda segundo Heloise, em relação à qualidade do leite, houve um grande avanço com a implantação das Instruções Normativas (IN) 76/2018 e 77/2018.

“As novas regras são importantes e imagino que a produção irá avançar a cada dia para atender ao mercado com qualidade e sustentabilidade ambiental e econômica no campo”, destacou.

Outro ponto relevante ressaltado por Heloise é a necessidade de implantação de tecnologias, incluindo softwares de gestão, que ajudem o pecuarista a ter um controle eficiente dos custos e da produção, o que é essencial para a melhor produtividade, um uso eficiente dos recursos e competitividade.